Educação. Ao fim de meses de guerra, ministério e sindicatos entreabriram ontem a porta do entendimento, ao acordarem reuniões sem pré-condições sobre a avaliação. As partes continuam, no entanto, decididas a levar as suas posições avante, com ou sem uma solução pacífica para a avaliação
O Ministério da Educação e a "plataforma" de professores chegaram ontem a umas precárias tréguas no conflito sobre a avaliação, marcando reuniões de "agenda aberta" sobre o tema a partir de dia 15. É a primeira tentativa conjunta de desfazer um impasse já demasiado incómodo para ambas as partes, embora a paz continue longe de estar garantida.
Para já, ficam suspensas as greves regionais que as estruturas tinham convocado para os dias 9, 10 e 11, no Norte, Centro e Sul do País. Mas nem os professores abdicam de outras "lutas" para travar o processo, nem o Ministério deixa de dar sequência às medidas com que o pretende consolidar o mais depressa possível.
A aproximação - a que não serão completamente alheias recentes sondagens reforçando a posição da ministra, nem o "susto" que o Governo apanhou quinta-feira no Parlamento -abriu-se ao final da tarde.
Numa altura em que os sindicatos se preparavam para entregar uma "moção" no Ministério, na sequência de uma vigília de professores na Avenida 5 de Outubro, o secretário de Estado Adjunto, Jorge Pedreira, antecipou-se, convocando por telemóvel os sindicalistas para um encontro onde lhes viria a confirmar a novidade.
À saída, os membros da "plataforma" não estavam eufóricos, mas passaram uma mensagem optimista às dezenas de professores que os aguardavam: "Os professores conseguiram dar o primeiro passo e de certeza que a seguir a este vão dar outros", disse Mário Nogueira, por entre muitos aplausos. "Pela primeira vez, vai estar em cima da mesa de negociações a suspensão desta avaliação".
"Continuamos com a mesma posição de sempre. Não há suspensão do processo de avaliação", disse pouco depois aos jornalistas Jorge Pedreira. "Nós ouviremos tudo o que os sindicatos quiserem dizer. Agora, não há nenhum equívoco relativamente à posição do Ministério da Educação. A agenda é completamente aberta, os sindicatos terão oportunidade de expressar os seus pontos de vista. E o Ministério os seus".
Desta aparente disparidade de posições, podem tirar-se duas conclusões: a solução, a haver, passará por qualquer coisa que não deverá chamar-se "suspensão" do processo; mas as partes se continuam a preparar-se para que não surja um acordo.
Ontem, sem fechar a porta a mudanças já este ano - "Vamos naturalmente ouvir o que os sindicatos têm a dizer"-, Jorge Pedreira insistiu que a perspectiva é de negociar "para o futuro", onde, aí sim, a tutela pode mexer na avaliação e até no estatuto da carreira docente. De resto, frisou que "jána próxima semana" estará concluído o processo de regulamentação da "simplificação" que o Governo aprovou. Já Mário Nogueira frisou que, além das metas a prazo, a prioridade das estruturas é encontrar uma "solução não administrativa" para avaliar dos professores este ano. Mas também apelou a "todas" as escolas e aos professores que, no dia 11, tomem posições exigindo a suspensão.